Nasceu em uma noite de chuva intensa a menina Joana.
Seu pai, Neco Pescador, era homem simples. Vivia com a esposa Maria, em um rancho na beira do mar.
Maria, quando Joana nasceu, estava sozinha. Neco tinha saído com a canoa para pescar na enseada.
Mesmo longe da praia, o pescador notou um brilho intenso no rancho em certa hora da noite. Estava chovendo muito, mas o pescado era farto. Ao mesmo tempo em que viu um raio explodir no céu, escutou um grito.
No rancho da vila de pescadores, nascia Joana, que chorava alto.
Desde então tudo mudou no lugar. No mesmo instante em que ela nascia, os peixes que já estavam na canoa de Neco, começaram a voltar para a água. Não teve jeito do pescador evitar. Eram muito rápidos os danados.
Ao chegar no rancho, com as cestas vazias e encharcado com a chuva que caia, foi logo entrando.
Joana chorava mansinho. Maria nem olhou para ele.
Neco achou aquilo tudo muito estranho. Pegou a menina no colo e a embalou. Naquela noite, todos dormiram.
No dia seguinte, ao acordar, Neco espantou-se ao ver uma bela menina arrumando alguns bibelôs de Maria.
- Quem é você? - perguntou espantado.
- Sou sua filha.
- Não pode ser, você nasceu ontem, como já está desse tamanho?
Maria foi logo interrompendo:
- A cada noite dormida ela cresce mais e mais. Coisas que só as estrelas explicam.
Neco ficou intrigado. Pensativo:
- O que meus amigos irão dizer? Vai todo mundo achar tudo muito estranho.
A menina tinha sentidos aguçados. Ouvia os pássaros a quilômetros de distância. Sentia o aroma das árvores e das plantas afastadas. Tudo que plantava, vingava.
As pessoas da vila de pescadores começaram a procurá-la até para pequenas curas. Com um toque, que emanava uma luz intensa, alguns saiam curados, outros não.
Maria sabia que a vida da filha não iria durar muito, já que a cada noite de sono, envelhecia um ano.
Neco queria evitar a perda da filha e foi procurar as sereias da enseada em busca de ajuda. Seres egoístas e perversos, as sereias riram sem parar do pescador e cantaram seus cantos sedutores. Quase que Neco fora enfeitiçado, mas conseguiu retornar a praia seguro.
O tempo foi passando. A menina, que agora chamavam de Helena, já virava uma senhora idosa. E, numa manhã fria de julho, Helena parou de respirar. Sua mãe, que mais parecia sua neta, e seu pai, a levaram para a praia. Cobriram o corpo dela com flores e choraram. Não demorou muito para um facho de luz surgir dos céus e atingi-los. Ela havia sumido.
Helena, virou estrela novamente.
Maria e Neco voltaram para casa. Mal sabiam eles que Helena era apenas uma das estrelas que passariam pela vila. Outras estavam por vir.
Gostei do conto.
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