quarta-feira, 26 de maio de 2021

Narração da História para a Secult/NH

Momentos de descontração nos dias 24 e 26 de maio na nova sede da Secult NH. Contei a história O maior nabo do mundo, de Celso Sisto, para os funcionários da Secult. Adorei o convite da Professora Roberta pra esse momento! ❤️📚


 

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Rir é um ato de resistência



Rir é um ato de resistência.”

Sinto vontade de sorrir, mas parece que meu riso se esconde.

Foram mais de 411.000 mortos no Brasil. Como rir diante de tantos amigos, familiares, pessoas queridas por tantos, cada qual no seu canto, partindo para outro plano.

Um amigo me disse esse ano, quando postei sobre a morte prematura de meus cunhados: “todas as mortes são prematuras.”. E realmente ele tem razão.

Quem sente, e digo aqui, de acordo com a definição da palavra, aquele que tem consciência e percepção do sentimento, nunca deseja a morte. É o fim? Da vida, mas não da lembrança e dos feitos de quem se foi, isso não tenho dúvida.

Eu tenho medo da morte, sempre tive. Parece um medo bobo, mas não é. Quanto tive câncer a primeira coisa que disse para minha médica, aos prantos, foi: “então eu vou morrer.” Ela calmamente me respondeu: “não agora”. E quando ouvi isso percebi o quanto a Vida era o bem mais importante que eu tinha. Mais que isso, decidi que lutaria pela vida.

Desde o início da pandemia tenho medo, mas vi que a melhor forma de lidar com isso é seguir os protocolos e o que a ciência nos ensina. Não saio, a não ser quando é muito necessário, uso máscara o tempo todo que estou na rua, seja o ambiente aberto ou fechado, tenho álcool gel na bolsa, limpo tudo que trago pra dentro de minha casa. Converso com minha mãe na porta, ao entregar suas compras, com meu irmão, sobrinhos e cunhada no portão, com meus amigos por chamada de vídeo, zoom, meet.

Hoje precisei escrever porque acordei triste. Ontem, retornando do trabalho presencial escutei uma música que me fez lembrar meu cunhado, e o jeito engraçado e divertido que ele dançava, e aí pensei, que nunca mais ia ver aquela dança e gargalhar com suas piadas sem graça (sim, porque a gente ri de piada sem graça também). Que nunca mais conversaria com a querida Beth, sua esposa. Chorei.

Depois, cheguei em casa, ouvi professores, meus colegas, suas angústias, ouvi o noticiário, continuei trabalhando em homeoffice, mas não consegui parar de pensar.

Pensar em quê? Na vida. Na falta de empatia que ainda existe. No desgoverno brasileiro. No retorno presencial das aulas. Nos protocolos sanitários. No alto índice de contaminação ainda existente. No número de pessoas que não está se cuidando e ameaça a todos que se cuidam. No número de pessoas na UTI. No tratamento de amigos que estão se recuperando da COVID. Nas pessoas que morreram com o vírus. Nas pessoas que morreram em acidentes, assassinatos, tragédia pelo mundo afora. Na fome de tantos. Na tragédia que vitimou crianças e professores em Saudades/SC. E nesse ponto, chorei novamente.

Precisava fazer exercícios, meditar, liberar a mente. Fiz.

Olhei seriados de heróis inventados. Precisava.

Li um conto, continuei lendo um romance real, apesar de ser uma ficção. Dormi.

Ao acordar senti necessidade de escrever… Mas a escrita aqui como desabafo real.

Então peço que fiquem bem...cuidem de si e dos outros...o vírus continua entre nós e ficará por muito tempo. Respeitem aqueles que se cuidam! Escute a Ciência… Respeitem os professores que estão fazendo tudo que podem em suas residências para acompanhar seus alunos. Respeitem os artistas que sofrem por tanto tempo sem trabalho. Respeitem o outro!

Distopia? Já nem sei mais o que é.

A Senhora dos Absurdos, criada por Paulo Gustavo, está em toda a parte.

Quero apenas poder acordar sem ter essa pergunta que me aflige desde que a pandemia começou, na verdade, desde que esse desgoverno foi eleito: “Isso aconteceu mesmo? Não é um pesadelo?”. Até agora a resposta é que realmente está acontecendo.

Não se preocupem comigo, não estou deprimida, apenas reflexiva...e mesmo quando estou prestes a perder a esperança sempre a literatura e a arte puxa meus cabelos e me ergue novamente. E em alguns momentos dessa minha vida, dentro de histórias inventadas, posso sorrir, sem me esconder.

Sou grata a isso.


Manual de Interação Monstruosa