sexta-feira, 26 de julho de 2013

A magia da biblioteca escolar: literatura e suas múltiplas possibilidades - Ivoti - RS











Oficina no Seminário de Educação em Ivoti, para professores e bibliotecários das escolas da cidade. Foi uma tarde de muito aprendizado, onde sugeri atividades de mediação de leitura. Contei algumas histórias, mostrei alguns materiais que confecciono para as contações e também apresentei um pouco do trabalho que desenvolvia na EMEF João Baptista Jaeger em NH. 
Como proposta de trabalho, cada grupo escolheu um livro dos sugeridos e montou um planejamento seguindo os seguintes passos:
1. Escolha da história: primordial gostar da história que irá contar.
2. Atividade inicial, motivação ou pré-leitura: a partir da história escolhida, criar algo para motivar a escuta da história, pode ser a apresentação do personagem através de um boneco ou fantoche, pode ser uma pergunta relacionada com a história (como a mostrada na história de Zuza e Arquimedes), um quebra-cabeça com a capa do livro, uma conversa sobre alguns elementos da história, etc.
3. Contação, leitura ou leitura-descoberta
4. Pós- Leitura: atividades complementares.
Na apresentação, os grupos foram muito criativos. Gostei muito do que vi.
Gostaria de agradecer a indicação da escritora Márcia Funke Dieter, ao contato diário com a professora Julicy e à professora Ane Rose que me acompanhou durante todo o seminário. Parabéns a todos que organizaram o evento. Adorei conhecer todos vocês! E também adorei a casa enxaimel que ganhei. Já está junto com meus livros em um lugar super especial da minha casa.

 Abaixo a lista de livros sugeridas na Oficina:


1.    Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias. Celso Sisto. Ed. Aletria.
2.    A arte de encantar : o contador de histórias contemporâneo e seus olhares. Fabiano Moraes e Lenice Gomes (org.). Ed. Cortez.
3.    Biblioteca??? Uma biblioteca pode fazer milagres! Lorenz Pauli. Ed. Brinque-Book
4.    É um livro. Lane Smith. Companhia das Letrinhas.
5.    As melhores brincadeirinhas musicais da Palavra Cantada. Sandra Peres e Paulo Tatit. Ed. Melhoramentos.
6.    A árvore generosa. Shel Silverstein. Ed. CosacNaify
7.    Casa de Consertos. Eloí Bocheco. Ed. Melhoramentos.
8.    Maroca e Deolindo e outros personagens em festa. André Neves. Ed. Paulinas.
9.    Histórias de cantigas. Celso Sisto (org.). Ed. Cortez.
10. ...Que eu vou pra Angola... e outras histórias. Ruth Rocha. Ed. Salamandra.
11. Contos de fadas sangrentos. Rosana Rios. Ed. Farol Literário
12.  As histórias mais loucas do mundo. Raquel Grabauska. Ed. Artes e Ofícios
13.  A sopa supimpa. Estevão Marques. Ed. Melhoramentos.
14.  Garranchos. Francisco Marques e Eliardo França. Ed. Paulinas.
15.  Clave de Lua. Leo Cunha e Eliardo França. Ed. Paulinas.
16.  O pato, a morte e a tulipa. Wolf Erlbruch. CosacNaify
17. O colecionador de pedras. Prisca Agustoni. Ed. Paulinas.
18.  Beleléu. Patrício Dugnani. Ed. Paulinas.
19.  Eva. Margarida Botelho. Ed. Paulinas.
20.  Flor das alturas. Celso Sisto. Ed. Zit.
21.  Obax. André Neves. Ed. Brinque- Book
22.  Os lugares de Maria. Margarida Botelho. Ed. Paulinas.
23.  Zuza e Arquimedes. Eva Furnari. Ed. Paulinas.
24.  Alice viaja nas histórias. Gianni Rodari. Ed. Biruta.                        
25.  O cabelo de Lelê. Valéria Belém. Companhia Editora Nacional.
26.  E o dente ainda doía. Ana Terra. Ed. DCL
27.  A felicidade é uma melancia na cabeça. Stella Dreis. Ed. Callis.
28.  Contos de bichos do mato. Ricardo Azevedo. Ed. Ática.
29.  O casamento da princesa. Celso Sisto. Ed. Prumo.
30.  O gato Rupertal. Celso Sisto. Rai Editora.
31.  Margarida. André Neves. Ed. Abacatte.
32.  Tia Libória contando história. Sylvia Orthof. Ed. Paulinas.
33.  Quando nasce um monstro. Sean Taylor. Ed. Salamandra.
34.  O homem que amava caixas. Stephen Michael King. Ed. Brinque-Book.
35.  Tem um monstro no meu jardim. Janaina Tokitaka. Ed. Escrita Fina.
36.  Só tenho olhos pra você. Graça Lima. Ed. Paulinas.
37.  A história mais longa do mundo. Rosane Pamplona. Ed. Brinque-Book.
38.  Um, dois, bolinho de arroz. Mario Pirata. Ed. Paulinas.
39.  Contos africanos para crianças brasileiras. Rogério Andrade Barbosa. Ed. Paulinas.
40.  Amores de artistas. Sonia Rosa. Ed. Paulinas.
41. Uma história sem pé nem cabeça. Luciano Pontes. Ed. Paulinas.
42.  A família sujo. Gustavo Finkler. Ed. Projeto.
43.  Quem quer brincar comigo? Tino Freitas. Ed. Abacatte.
44.  O botão branco. Martina Schreiner. Ed. Cuore.
45.  O rei roncador. Martina Schreiner. Ed. 8 Inverso.
46.  Diáfana. Celso Sisto. Ed. Scipione.
47.  Hora da bóia. Graça Lima. Ed. Paulinas.
48.  A primeira palavra de Mara. Ángel Domingo. Ed. Jujuba.
49.  Era um vez... Cacau Vilardo. Ed. Paulinas.
50.  Abrindo caminho. Ana Maria Machado. Ed. Ática.
51.  A menina que bordava bilhetes. Lenice Gomes. Ed. Cortez.
52.  O armário do João-de-Barro. Christina Dias. Ed. DCL.
53.  Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu! Lenice Gomes. Ed. Cortez.
54.  Tom. André Neves. Ed. Projeto.
55.  Tininha Cereja. Celso Sisto. Ed. Paulinas.
56.  Raio de sol, raio de lua. Celso Sisto; Ed. Prumo.
57.  Em briga de irmão quem dá opinião? Luciano Pontes. Ed. FTD.
58.  Ynari, a menina das cinco tranças. Ondjaki. Ed. Companhia das Letrinhas.
59.  O gato e o escuro. Mia Couto. Ed. Companhia das Letrinhas.
60.  Lino. André Neves. Ed. Callis.

Confiram o link do evento: http://www.ivoti.rs.gov.br/semec/index.php?idTela=4&idNoticia=1196

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Parabéns aos escritores!

Imagem: Daniela Zakina



Perdem-se as ideias
Sorte de quem as acha
Os escritores, com certeza!
Eles coletam elas por aí.
Criam as histórias.
Espalham novamente.
E lá vai o leitor
Ler, contar
Para as ideias voltarem a voar!!


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Os contos de fadas e as fábulas: de ontem e de hoje - Oficina com Me. Katiane Crescente Lourenço - Paulinas/POA

Ótimo encontro com a professora e contadora de histórias (maravilhosa) Katiane, hoje a tarde na Paulinas. Ouvir histórias e principalmente, fábulas e contos de fadas, mesmo que conhecidos, sempre é muito bom. A Mestre em Letras e estudante de Biblioteconomia, passou alguns referenciais teóricos das fábulas e dos contos de fadas. Foi uma explosão de tanta informação, pois o assunto é realmente muito amplo. Partindo da literatura oral, tanto a fábula como os contos de fadas possuem várias versões e são usados através dos séculos de várias maneiras diferentes. Antigamente, tinham a função de ensinar e até moralizar. Hoje em dia, com as várias versões, originais e modernas, os contos aparecem para encantar e também aprender.
Katiane frisou várias vezes em sua fala que mesmo trabalhando os contos e fábulas modernos, é importante e primordial que as crianças e jovens conheçam as versões originais. Claro, assim poderá comparar, entender, discutir, rever informações.
Confiro o vídeo de Katiane, contando a fábula "O velho, o menino e o burro":

Alguns livros sugeridos por Katiane:


quarta-feira, 17 de julho de 2013

A menina que veio das estrelas

Nasceu em uma noite de chuva intensa a menina Joana.
Seu pai, Neco Pescador, era homem simples. Vivia com a esposa Maria, em um rancho na beira do mar.
Maria, quando Joana nasceu, estava sozinha. Neco tinha saído com a canoa para pescar na enseada.
Mesmo longe da praia, o pescador notou um brilho intenso no rancho em certa hora da noite. Estava chovendo muito, mas o pescado era farto. Ao mesmo tempo em que viu um raio explodir no céu, escutou um grito.
No rancho da vila de pescadores, nascia Joana, que chorava alto.
Desde então tudo mudou no lugar. No mesmo instante em que ela nascia, os peixes que já estavam na canoa de Neco, começaram a voltar para a água. Não teve jeito do pescador evitar. Eram muito rápidos os danados.
Ao chegar no rancho, com as cestas vazias e encharcado com a chuva que caia, foi logo entrando.
Joana chorava mansinho. Maria nem olhou para ele.
Neco achou aquilo tudo muito estranho. Pegou a menina no colo e a embalou. Naquela noite, todos dormiram.
No dia seguinte, ao acordar, Neco espantou-se ao ver uma bela menina arrumando alguns bibelôs de Maria.
- Quem é você? - perguntou espantado.
- Sou sua filha.
- Não pode ser, você nasceu ontem, como já está desse tamanho? 
Maria foi logo interrompendo:
- A cada noite dormida ela cresce mais e mais. Coisas que só as estrelas explicam.
Neco ficou intrigado. Pensativo:
- O que meus amigos irão dizer? Vai todo mundo achar tudo muito estranho.
A menina tinha sentidos aguçados. Ouvia os pássaros a quilômetros de distância. Sentia o aroma das árvores e das plantas afastadas. Tudo que plantava, vingava. 
As pessoas da vila de pescadores começaram a procurá-la até para pequenas curas. Com um toque, que emanava uma luz intensa, alguns saiam curados, outros não.
Maria sabia que a vida da filha não iria durar muito, já que a cada noite de sono, envelhecia um ano.
Neco queria evitar a perda da filha e foi procurar as sereias da enseada em busca de ajuda. Seres egoístas e perversos, as sereias riram sem parar do pescador e cantaram seus cantos sedutores. Quase que Neco fora enfeitiçado, mas conseguiu retornar a praia seguro.
O tempo foi passando. A menina, que agora chamavam de Helena, já virava uma senhora idosa. E, numa manhã fria de julho, Helena parou de respirar. Sua mãe, que mais parecia sua neta, e seu pai, a levaram para a praia. Cobriram o corpo dela com flores e choraram. Não demorou muito para um facho de luz surgir dos céus e atingi-los. Ela havia sumido.
Helena, virou estrela novamente.
Maria e Neco voltaram para casa. Mal sabiam eles que Helena era apenas uma das estrelas que passariam pela vila. Outras estavam por vir.

sábado, 13 de julho de 2013

Dora e o gato



Dora e o gato
Por Milene Barazzetti
A história que eu vou contar é a pura verdade. Meu avô me contou e jurou de pé junto que aconteceu. Pareceu caso encerrado, mas nada foi solucionado.
Tudo começou com o desaparecimento de uma velha senhora, vizinha da casa dele, no dia 24 de dezembro de 1934, lá mesmo na Rua 24, exatamente às 24 horas. A hora é precisa, pois se ouviu ao invés de doze, vinte e quatro badaladas dos sinos da Igreja São Francisco, marcando meia noite.  
Conta-se que como era véspera de Natal todos saíram à rua para felicitarem uns aos outros. Morava ali uma senhora chamada Dora. Ela não deu sinal de vida naquele dia. Mesmo vivendo sozinha, sem ninguém, ela sempre saia para ver a decoração de Natal, apesar de não retribuir nenhum sorriso dos vizinhos.
Dora vivia assim, mal humorada o tempo todo. Odiava crianças, homens e mulheres, maldizia Deus e principalmente, odiava os gatos que viviam soltos e teimavam em rondar sua casa.
 Ela gritava com as crianças que chegavam perto, gesticulando com um sapato preto de salto alto na mão:
- Meninos saiam da minha janela, parem com essas pedras e tirem seus animais pulguentos da minha calçada. Eu não respondo por mim! Ainda mato um desses gatos com a sola do meu sapato e arranco as orelhas de vocês!
Os meninos sempre corriam, junto com os animais, insetos e tudo o mais que estava por perto, ao som dos seus berros. Mesmo assim eles adoravam atiçar a velha senhora atirando pedras em suas vidraças.
 Dora era uma pessoa acinzentada. Seus cabelos eram negros e sem vida. Tinha a pele enrugada e uma corcunda nas costas que deixavam todos que passavam perto de sua casa horrorizados. Ela era a própria visão do inferno de tão feia e amargurada. Passar pela casa dela sozinho era a prenda para os meninos que perdiam alguma disputa.
Com a notícia do seu desaparecimento o Natal foi diferente naquele ano. Mesmo Dora sendo uma senhora pouco sociável, as pessoas que viviam naquela rua preocupavam-se uns com os outros, eram solidários e tentavam sempre convidá-la para participar dos eventos. Os vizinhos diziam que ela não era vista desde o dia anterior.
Meu avô e seus três melhores amigos João, Sebastião e Pedro foram incumbidos de procurar a velha senhora. Diziam que eles, os quatro, eram melhores detetives do que qualquer policial, pois conheciam aquela rua e suas travessas como ninguém.
Os quatro começaram a busca pela casa da malvada. Afinal era um casarão enorme e ninguém havia procurado lá dentro. A verdade verdadeira mesmo é que as pessoas não tinham coragem de entrar naquele lugar. Sobrou para meu avô e seus amigos. Logo na entrada o ar já era putrefato. Os móveis tinham estilo vitoriano e eram cheios de pelos pretos soltos sobre eles. Havia uma escada com várias fotos de pessoas, que pareciam ter vivido por ali em várias épocas, na parede. Em cada foto havia também um gato preto, sempre ao lado de uma menina.
Meu avô e João resolveram subir as escadas enquanto os outros dois vasculhavam o restante da casa. O cheiro forte de podre foi aumentando a cada degrau que subiam até que...
- Ahhhhhh!!! João e Anselmo corram aqui embaixo, corram aqui embaixo!!!!! – gritou desesperado Sebastião.
Os meninos então desceram correndo as escadas e viram seus amigos com os olhos saltados.
- Que foi? Encontraram a bruxa malvada? Hahaha – falou debochando João.
Sebastião então jogou direto no amigo que estava rindo o sapato preto da Dora. Qual não foi a surpresa de João quando viu que o sapato estava com a sola e salto todo avermelhado.
- Isso ééé sansansangue? – gaguejou João já perdendo toda a sua valentia e desabando naquele chão imundo. Ele não podia ver sangue que passava mal.
Pedro então mostrou a meu avô o gato preto que estava morto com uma perfuração na cabeça, em frente à geladeira da cozinha. Era exatamente igual aos gatos das fotos que haviam visto na escada.
Resolveram então subir todos juntos ao andar de cima, deixando João lá embaixo descansando um pouco com o gato morto. Ao chegar no quarto, Dora estava ela lá, deitada na cama, com os olhos abertos, mortinha da silva. Meu avô conta que correram em disparada e só pararam para pegar o João que ainda não havia acordado.
Fora da casa todos esperavam os meninos e a polícia já havia chegado.
- Não fomos nós que matamos a velha não!!! – gritaram os meninos para o pessoal da rua, defendendo-se de quaisquer acusações.
Os policiais entraram na casa rapidamente. Formou-se uma multidão de curiosos e até o pessoal do jornal já estava a postos no local.
Os quatro amigos foram para suas casas, não queriam mais emoção naquele noite.
No outro dia, meu avô disse que o jornal tinha como manchete:
Mulher encontrada morta na Rua 24. Deixou órfão seu gato preto que FOI ENCONTRADO SOBRE ela, ronronando.
Ele saiu correndo e foi avisar João, Sebastião e Pedro sobre a notícia. Os quatro amigos ficaram encafifados e então resolveram averiguar que tal gato era aquele. Não é que chegando na casa viram um gato paradinho na varanda, preto como aquele que tinham visto morto, mas neste caso vivinho da silva.
Sebastião foi perguntar para o policial que continuava montando em frente a casa:
- E o gato morto da cozinha?
- Que gato morto menino? Só encontramos este gato aí, que deve ser da defunta, pelas fotos que vimos na escadaria. Vocês não querem cuidar dele?- perguntou o policial, tentando convencê-lo.
- Deus nos livre, deus nos livre. – disse meu avô e seus amigos que se botaram a correr em disparada.
Conta-se que a partir daquele dia, lá na Rua 24, gato é bicho respeitado e nunca pode ser judiado.

Lá na Rua 24
Esse fato aconteceu
Meu avô esteve lá
E desde então nunca esqueceu.